Lisboa: Futuro do cinema Europa e espaço cultural em Campo de Ourique nas mãos da autarquia
Lisboa, 23 Jan (Lusa) - O Cinema Europa, da década de 1930, previsto para ser demolido há vários anos, aguarda a compra da Câmara Municipal de Lisboa (CML) de parte do edifício, depois do "primeiro passo" que foi a garantia financeira em Orçamento Participativo.
Na descrição do projecto, é estabelecida a "criação de um equipamento cultural no piso zero do Europa, respondendo a uma carência desta zona da cidade", comprometendo-se a autarquia da capital a adquirir parte do edifício.
Dos 4 935 000 euros atribuídos a 12 projectos no Orçamento Participativo de 2010, 690 mil euros foram destacados à iniciativa referente ao Cinema Europa, quantia a distribuir por "diversos projectos" e "obra e equipamento do novo espaço cultural".
O presidente da Junta de Freguesia do Santo Condestável, Pedro Cegonho, define como "natural" algum "saudodismo" dos habitantes de Campo de Ourique pela demolição do equipamento, prevista há "vários anos" para a construção de apartamentos.
"Do que é público, não houve da parte do Ministério da Cultura, nem da parte dos departamentos municipais ligados à cultura nenhuma declaração de interesse público, e sendo um edifício privado há direitos adquiridos", salientou à agência Lusa o presidente da Junta local.
O desfecho recente do Orçamento Participativo foi para o autarca um "primeiro passo muito importante" para a criação de um espaço "voltado para a população" local, "cabendo agora à Câmara lidar com os proprietários" para a aquisição do piso zero do equipamento.
António Almeida, co-proprietário do Cinema Europa e presidente da Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa (EMEL), disse à Lusa que os proprietários estiveram sempre disponíveis para conversar com a autarquia sobre a venda ou permuta.
"O projecto foi aprovado nos tempos de Santana Lopes e Carmona Rodrigues e durante muito anos o movimento SOS Cinema Europa apelou para que o edifício não fosse deitado abaixo, mas a Câmara não tinha dinheiro e acabou por propôr ficar com o rés-do-chão", contou.
"Nós dissemos que sim e andámos meses a discutir questões como degraus. Já foi o actual executivo a deitar mãos ao projecto, a dar celeridade ao projecto. Portanto, já estava em cima da mesa, a única diferença é que a outra Câmara não tinha o projecto aprovado, licenças, etc", acrescentou.
António Almeida referiu que a empresa já fez uma proposta de venda ao município, mas escusou-se a adiantar a verba, adiantando, no entanto, que "não é muito diferente do valor [discutido] do tempo de Santana Lopes".
O SOS Cinema Europa, parte activa de há vários anos para cá no apelo à construção de um equipamento cultural no edifício, refere que a proposta aprovada no Orçamento Participativo "vem legitimar e robustecer o projecto" do movimento.
"A verba aprovada apenas contempla as obras necessárias à instalação e equipamento do futuro espaço, cuja âncora deverá ser uma mediateca", referem, assumindo todavia que "apesar das incertezas", não se contentarão "com a promessa de um centro cultural".
O designer Henrique Cayatte, que reside em Campo de Ourique há 25 anos, integra o movimento cívico e destacou à Lusa a atenção dada pela Câmara de Lisboa e a respectiva aprovação do projecto em Orçamento Participativo, prova de que "a sociedade civil está a funcionar".
Para o designer, a questão essencial é garantir uma "programação e ocupação" que não seja um "contrasenso" perante todo o "esforço" de cidadãos, movimentos e autarcas.
sábado, janeiro 23, 2010
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